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quinta-feira, 18 de novembro de 2010

A Origem

A Origem – Inception



Christopher Nolan, que foi, na opinião de quem vos escreve, o mais virtuoso diretor/escritor/produtor dos últimos anos, nos presentou na primeira década do século XXI uma série de obras-primas; dirigiu o clássico indie Amnésia (Memento, 2000), o brilhantíssimo O Grande Truque (The Prestige, 2006), o original Batman Begins (2005) e o melhor filme da última década (2000-2009) segundo o IMDB, o magnífico Batman – O Cavaleiro das Trevas (Batman – The Dark Knight, 2008).Agora, abre um novo decênio com tanta destreza que supera todos os seus feitos passados: Nolan nos deu A Origem(Inception, 2010).


                Em A Origem, Nolan traz um mundo em que a tecnologia permite um acesso à mente através dos sonhos. Dom Cobb(Leonardo DiCaprio, A Ilha do Medo) é um ladrão de segredos, um dos pioneiros na invasão de mentes e o melhor na arte da “extração”, usa esta tecnologia para entrar nos sonhos dos alvos e roubar ideias do subconsciente deles. Dom é muito útil para grandes empresas que praticam espionagem corporativa e que precisam roubar dados de empresas rivais. Porém, se tornou um criminoso internacional e foi obrigado a se separar de sua família.


    
            Sr.Saito (Ken Watanabe, Cartas de Iwo Jima), um importante CEO japonês, oferece limpar as acusações de Cobb, para que possa voltar aos Estados Unidos e rever sua família, em troca de um serviço considerado impossível por todos os colegas de Cobb: o inverso do quem fazendo há anos; no lugar de uma extração, uma inserção (Inception). O alvo é Robert Fischer (Cillian Murphy, Batman Begins), filho do moribundo Maurice Fisher (Pete Postlethwaite, Fúria de Titãs), CEO da companhia rival de Saito. O plano é inserir na mente de Robert Fischer a ideia de destruir o império de seu pai assim que este morrer.
Para tal missão, Cobb reúne um grupo de especialistas que inclui Ariadne (Ellen Page, Juno), Arthur (Joseph Gordon-Levitt, (500) Days of Summer), Eames (Tom Hardy) e Yusuf (Dileep Rao, Avatar). Ariadne é a novata do grupo, arquiteta dos sonhos, constrói cenários para os sonhos. Eames tem a capacidade de mudar sua aparência dentro dos sonhos para iludir o alvo. Yusuf é o químico que cria drogas poderosas para manter o grupo e o alvo dormindo durante o plano. Arthur é o wingman de Cobb e reúne informações sobre os alvos.
                 Cobb tem dificuldades em seus serviços por causa da projeção do seu subconsciente de Mallorie Cobb(Marion Cotillard, Inimigos Públicas), sua mulher. O conflito vivido dentro da mente de Cobb torna-se real no mundo dos sonhos e se torna um dos antagonistas do filme. Para distinguir realidade de sonho, os ladrões têm seus totens, objetos que só eles já tocaram e, por isso, não podem ser “sonhados” por outros. Arthur tem, por exemplo, seu dado viciado e Cobb tem um peão, que gira infinitamente, se sonhando, ou para e cai, se acordado.

Os atentos se satisfarão com a referência das escadas impossíveis aos paradoxos geométricos de M.C. Escher, artista que usava conceitos físicos e matemáticos, além de ilusões de ótica, para suas pinturas. O nome, por exemplo, “Ariadne”, que vem do mito grego do Labirinto do Rei Minos de Creta. Também há o nome “Yusuf”, equivalente a “José”, figura bíblica que interpretava os sonhos.  A música “Non, je ne regrette rien”, de Édith Piaf, usada várias vezes no filme, fez parte do filme “Piaf – Um Hino ao Amor(La môme(FR)  La vie em Rose(US), 2007)” no qual Marion Cotillard, atriz do filme, interpretou a própria Piaf. Há inúmeras outras, como também o nome “Eames”, de Charles e Ray Eames, e o nome “Cobb”, que, em Urdu, foneticamente é “sonho”.






              A trama de A Origem é complexa e única, uma vez que Nolan criou toda a mitologia necessária para o universo do filme. Como todos, mesmo quando crianças, pensávamos e teorizávamos sobre o misterioso mundo dos sonhos e o conceito de sonho dentro do sonho, é fácil nos admirarmos com a versão de Nolan desse vasto mundo dentro de nossas mentes onde tudo é possível. Esse forte argumento narrativo trabalha com a percepção da realidade e a construção dela em nossas mentes, sendo esse aspecto, por si só, grande motivo para se interessar pelo filme. Some isso a uma narrativa psicológica, cheia de ação, cenários belíssimos(o filme, além dos efeitos gráficos, foi filmado em seis países diferentes) e às atuações do elenco bem selecionado e terá uma obra-prima no melhor estilo Nolan.

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